A NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA
Uma língua compreende o conjunto de códigos, signos ou sinais usados para nos comunicarmos com os seres que - falando o nosso idioma - os decifram e entendem; a portuguesa é basicamente composta pelo nosso dicionário - palavras ou vocábulos - a que os eruditos chamam vernáculo, no fundo uma e a mesma coisa, que é o conjunto de todas as palavras que a tornam uma das mais ricas do mundo; em 1993, o sábio António Houaiss - então ministro da cultura - confidenciou-me que pretendia alcançar os 500 mil verbetes, no dicionário que então preparava; faleceu sem o conseguir, apesar de nos ter deixado um valioso, actualizado e rico dicionário, que tem o seu nome.
Acredita-se geralmente que o tronco das línguas indo-europeias a que a nossa pertence, teve início há mais de 20 mil anos na Europa Central, entre os rios Elba, Oder, Vístula e Reno, por ser este o único lugar do mundo habitat natural de salmões, tartarugas e faias, cujos vocábulos fazem parte de TODAS as línguas desse tronco. Outros antiquíssimos termos - como jugo ou canga - tendem a confirmar esta teoria, pois também esta palavra faz parte do léxico comum, e que vai do Norte da Europa ao Norte da Índia, daí o nome indo-europeia. As línguas deste tronco linguístico - também designado indo-gemânico, indo-céltico ou ariano - são faladas por cerca de 50% da população global, englobando os povos das 15 nações de língua neo-latina a que pertencemos.
As línguas não têm dono - são de quem as fala - mas têm nome - e não conheço uma só que, uma vez transmitida a um povo colonizado por seus falantes originais, tenha por isso recebido o nome do novo país que a adotou. Evidentemente, quando o latim adotado no Império Romano - a que a Lusitânia pertencia - se fundiu com o linguajar dos invasores godos, e evoluíu profundamente ao longo de séculos, a tal ponto que se transformou em uma nova língua, então - e só então - o latim do povo (vulgar) passou ao galaico-duriense ou galêgo-português (sec. VI ou VII) para, volvidos mais alguns séculos (sec XI-XII) dar origem aos idiomas galego e português. Ora, no Brasil, fala-se - como dizia Gilberto Freire - português com açúcar. E falar-se-à por muitos séculos.
A importância das línguas avalia-se pelo número de falantes; assim, temos como a mais (ou as mais) importantes o chinês (mandarim e, talvez, cantonês), com mais de um milhão de milhões de falantes; segue-se-lhe o inglês, falado em praticamente todo o mundo, mas principalmente nos EEUU(EUA), Índia, Inglaterra, Austrália, África do Sul, Canadá, Nova Zelândia, Quénia, Tanzânia, Rodésias e outras; o hindustani (indi e urdu) da Índia; o castelhano (não existe língua espanhola), de quase todos os países ibero-americanos, além de Castela, das Filipinas e de duas ou três nações africanas; o árabe e o português, o nosso a caminho de 250 milhões de falantes, e o árabe por volta dessa cifra. Como é fácil notar, nenhuma língua muda de nome quando transplantada para outro continente.
Atenciosamente, JVerdasca
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